Arrancar-te de mim

Parece que algo acontece

Quando olho tua foto

Meu coração enlouquece

E sinto o peito arder

Confesso que tentei te tirar da cabeça

Cheguei mesmo a deletar tua imagem

Expurgá-la de dentro de mim

Mas é impossível, improvável que te esqueça

Parece que algo acontece

Quando ouço tua voz

Que, faceira, me vem aos ouvidos

E é tão atraente que me enlouquece

Parece que algo acontece

Quando sinto teus lábios

Que eu nunca beijei

Mas morro de vontade

Quando domino teu corpo

Em meus sonhos pueris

E sinto o ardor de tua pele

Queimar até minh’alma

Ah, quando vejo o teu sorriso

O céu se abre e sinto paz

Derramo-me completamente

Quando o jogas para mim!

E o teu andar me encanta

Andar de quem anda na ponta dos pés

E esbanja charme e simpatia

Adoro te ver passar!

Teus cabelos são ralos, é verdade

E só vivem quebrados, coitados

A raiz de uma cor, o resto de outra

E nunca vi cabelos tão lindos quanto os teus

Já te peguei roendo as unhas também

Tá certo que elas só vivem curtinhas

E são lindas, mesmo nunca as tendo visto

pintadas, ao menos as das mãos.

Tuas pernas finas são maravilhosas!

E teus joelhos que apontam pro céu

Me fascinam loucamente!

Tua pele, branca como a neve, é tão sedutora

E o cítrico da linha “splash” que já te peguei usando

Fica tão gostoso em ti (e olhe que não gosto dele)

Mas prefiro mesmo o ferormônio que exalas,

Que me deixa louco, parecendo um animal!

Lembro também que já me passaste

Informações equivocadas

Afinal, o papel não dobra só em 8 partes

Depende do tamanho e da espessura

Mas tudo bem, o importante é que

Consegues me dobrar direitinho.

E a maneira como ficas ao rir?

Teu rosto que envermelha

E os olhos lacrimejando

Nossa, é muito gostoso!

É quase um orgasmo pra mim

Te ver sorrir daquele jeito!

E a forma suave como gesticulas?

Tuas mãos em sintonia

Fazendo movimentos graciosos

Acompanhado tua doce voz

Por falar em voz!!

Ah, tua voz é tão meiga

Tão suave, doce e serena

E cantas razoavelmente bem

Já ouvi. E ouvir-te é um deleite!

Lembro de quando te vi pela primeira vez:

Aquela bolsa de couro, calça de malha

Daquelas folgadas (que se eu não me engano era verde),

Algo parecido com uma sandália de couro baixinha.

Com ares um tanto bucólicos. Confesso que achei estranha.

Não me chamaste a atenção de logo, admito

Mas a primeira vez em que te ouvi

Ah, foi fantástico! Não esqueço!

E olhe que aquela discussão sobre

O Bipartidarismo estava um saco.

Vi ali a sensatez em pessoa.

E o teu rosto é tão angelical!

Tão delicado, tão fino

Tua boca pequena, os lábios finos

E o queixo, diga-se de passagem,

É mais cerrado que o de tua irmã gêmea.

E você conta piada tão mal

Que fica super engraçado,

Mais engraçado até que a versão

Do próprio piadista.

É que tudo com você fica

Mais engraçado.

Até o preto que tanto usas

Fica tão vivo em ti!

Contrasta muito bem com tua pele

Que, mesmo não sendo de pêssego,

Me deixa maluco... e a muitos, tenho certeza.

Teu jeito tão meigo é maravilhoso

Deve ser por causa do mimo

Característico aos cancerianos

Câncer que, saiba a senhora, forma

Uma das mais perfeitas combinações

do zodíaco com Touro.

Agora, relendo estas linhas esquisitas,

Vejo que alcancei meu objetivo

De arrancar-te da cabeça. Até que foi fácil.

O problema é que, embora não pareça,

às vezes és muito teimosa, muito mesmo.

Por isso, estás proibida de voltar!

Ilhéus/BA, 07 de julho de 2010.