Na Hora H
Quando chegar a hora de partir
E eu tiver que ir,
Desejo que meu último pensamento,
Naquele derradeiro momento,
Seja de amor,
Com todo meu ardor!
Que saia de mim uma última emanação,
Daquilo que a vida toda povoou meu coração.
Uma vez ouvi que a regra geral,
Para essa situação,
Na esmagadora maioria da população,
É que o sexo seja o senhor desse instante.
Parece que esse é o normal.
Não quero que esse seja o encerramento
Para minha história visceral.
Sempre foi outra a base do meu argumento.
Até porque, francamente,
Minha vida sexual foi uma piada de mau gosto.
Embora isso não transpareça em meu rosto.
A frequência dessa atividade, honestamente,
Deixou muitíssimo a desejar.
E o pouco que tive, foi raso.
Vergonhosamente caro!
E só fez me desapontar...
Apesar do excesso de fogo,
O que consegui foi incontestavelmente pouco.
Está certo que sempre procurei os sentimentos mais altos.
Talvez, por ter ido ainda menino para o palco,
Minha alma reconheceu-se naquelas emoções,
Oriundas das cósmicas sensações.
Não que o sexo não o seja, mas me refiro a outras direções.
Aquelas que emanam de outras dimensões.
Talvez, outras fórmulas para o mesmo assunto.
Um enquadramento bem mais profundo.
Desprezo a atual abordagem, imersa em vulgaridade,
Despida totalmente das primorosas qualidades.
O ato sexual despencou para a banalidade,
Perdendo assim metade da sua potencialidade.
Virou motivo de barganha,
Com sua insustentável e falsa moralidade tacanha.
A energia sexual é a mesmíssima energia espiritual.
Sai do vórtice básico, sobe pela coluna vertebral
E atinge o ápice no vórtice coronário.
Esse é o seu sagrado itinerário.
O que está acontecendo é que estamos bloqueando,
Estupidamente aprisionando
Essa evolução, manipulando o desejo
E sabotando o nosso universal enredo.
Deita-se por todos os motivos, menos o ideal.
Aquele que nos levaria a visitar o espaço sideral...
Chegamos ao ponto de termos que plastificar
O que, simplesmente, deveria ecoar...
A fonte da vida contaminou-se.
Envenenou-se!
Transmutou-se em porta da morte.
Que má sorte!
As encenações são precárias.
As escolhas arbitrárias.
O sexo que se pensa, não é o que se faz.
Esse brutal equívoco já foi longe demais.
Até quando nos enganaremos?
Até onde despencaremos?
Talvez seja preciso zerar
Para recomeçar.
Eis as razões da minha firme decisão
De contrariar as estatísticas, para não variar,
E com outro pensamento encerrar
Essa minha passagem.
Enlouquecida viagem!
Hei de finalizá-la com uma última irradiação
Do mais puro Amor Universal!
Matéria prima única dessa obra colossal!