Soneto embriagado

Na borda do cálice, teu cheiro

mistura-se ao aroma do vinho.

Levada por um ato derradeiro,

retomo embriagada o caminho,

onde sigo teu beijo prisioneiro

e me entorpeço com o carinho.

O trajeto é por vezes traiçoeiro:

sem barulho, sem murmurinho.

E da ressaca, quando desperto,

não estou impregnada do gosto

cabernet amanhecido da bebida.

Não só o coração trago coberto,

mas tenho meu corpo predisposto

ao teu perfume na minha vida.

márcia fernanda