Flecha.
Na trajetória de uma seta;
toda a história de uma vida
transtornando a noite quieta
como um dedo na ferida.
E, se não mudou tal trajetória,
é que nada mudou senão a vista
não fez razão e nem vitória
nem trouxe paz na conquista.
Na evolução lenta e gradual
o eufemismo mora na espera;
é como esse espadim mortal
fazendo o encanto da quimera.
Na aguda ponta de flecha
um silvo, esperanças corta;
caminho do céu que se fecha
quando o vento cerra a porta.
Que faço então, imprevidente,
na pura impavidez do desafio
que faço eu ; tolo imprudente,
batendo a sombra; o vento frio?
Eu sou teu sonho ora presente
que vem pra levar-te aos céus,
ponta de flecha fascinante
que veio despir teus véus.
Sou uma miragem esmaecida
sob o céu límpido, hibernal
pra ser homem em tua vida
sou a sombra de um amante
enquadrada em teu portal...