Flecha.

Na trajetória de uma seta;

toda a história de uma vida

transtornando a noite quieta

como um dedo na ferida.

E, se não mudou tal trajetória,

é que nada mudou senão a vista

não fez razão e nem vitória

nem trouxe paz na conquista.

Na evolução lenta e gradual

o eufemismo mora na espera;

é como esse espadim mortal

fazendo o encanto da quimera.

Na aguda ponta de flecha

um silvo, esperanças corta;

caminho do céu que se fecha

quando o vento cerra a porta.

Que faço então, imprevidente,

na pura impavidez do desafio

que faço eu ; tolo imprudente,

batendo a sombra; o vento frio?

Eu sou teu sonho ora presente

que vem pra levar-te aos céus,

ponta de flecha fascinante

que veio despir teus véus.

Sou uma miragem esmaecida

sob o céu límpido, hibernal

pra ser homem em tua vida

sou a sombra de um amante

enquadrada em teu portal...

Joscarlo
Enviado por Joscarlo em 03/07/2010
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