Domínio Invisível
Queria poder persuadir-me do contrário,
provar-me a ineficácia das juras e promessas,
dissipar a cegueira das mentiras e tornar-me um visionário,
vagar na normalidade sem o domínio invisível e sem pressa.
Queria resistir ao vício de uma meiga e doce desculpa lisonjeira
e assim, ao menos uma vez, crer no que digo.
Não ceder aos enlevos de uma carícia premeditada e sorrateira,
evitar o fascínio da face angelical que bem oculto traz o perigo,
cumprir as ameaças feitas na ligeira sanidade da raiva,
momento único em que me liberto da cativante subjugação,
e ter o controle, mesmo que por segundos, da ilusão que sobre mim paira.