Se eu fosse um Poeta...

Os sons conversam harmoniosamente...
Os silêncios entre eles ouvem atentamente...
Eles conversam conversas tão melodiosas,
As notas amorosas são tão palavrosas...

Escorre a minha alma pelo corpo, extasiada!
E sobre os seios dos meus pés fica deitada
Mamando do leite morno, aconchegante,
Da sonoridade do violino que sussurra ondulante

De Amor, ao piano que é a sustentação...
A Alma foge à vigília e adormece...
O coração a inveja e também desce
E de mansinho faz a alma de colchão!

Ela se ajeita e num breve e preguiçoso movimento
Como uma gatinha toda encolhidinha dengosa,
Fica ouvindo silenciosamente o manso batimento
Que dá o compasso à valseada melodia airosa...

Ah! Minha Mulher Amada e Adorável Majestade!
Porque não sou um Drumond de Andrade?
Se eu fosse um Poeta teria sentença mais justa..
Eu desenharia a cena à tua altura augusta!

Eu retrataria, Amor! O que sentiam com exatidão:
O que sonhava a Alma agasalhando o coração
E o que o coração quentinho sentia acomodado
Sobre o colchão da Alma em calma desacelerado...

Tudo que vejo, se Poeta fosse, eu melhor descreveria:
Um violino e um piano dando à luz uma melodia;
Uma absolvida Alma da dor sem querer a ti servida
Um coração em paz como se fosse última cada batida

A presença, na ausência, da Alma mais querida
Veio explicar que a minha, cavalheira, fez descida
Só para educadamente dar lugar à da Amada visitante
Que veio por saudade se juntar à minha, sua Amante!


Ah! Se eu fosse um dos antigos Poeta trovadores
Eu te cantaria, minha Rainha, quão lindos amores
Aquelas nossas Almas tão completamente apaixonadas
Praticavam ali, à meia luz da melodia, interpenetradas!

Se eu fosse um Kaváfis, um Bandeira ou uma Sophia
Com certeza isto que te quero mostrar seria Poesia...
E a mim me chegaria e bastaria ser apenas o teu leitor,
Que simplesmente leria ao teu ouvido os versos de Amor!

Paridos pelos Poetas a quem os pediria emprestados
Para te declamar o que vi nos dois ali, juntinhos, abraçados:
Nós nos Amando do modo mais delicadamente violento...
Tu verias como eu, as nossas Almas em pleno acasalamento!

Saberias pela pequena tonalidade avermelhada da tua
Que quem ama com tamanha beleza não precisa de lua!
Confirmarias pela cor de sangue da minha a brilhar
Que não existe Alma nesta vida, que ame tanto te Amar!

Pena que não sou o amoroso Poetinha Vinícius de Morais
Porque se fosse, Ah! Em tudo saberia ser atento a ti muito mais!
E conseguiria declarar em qualquer caquinho de louza
O Meu Imenso Amor por ti, que é pássaro que nunca pousa.


( Para que não me confundam. Não sou Poeta, sou apenas um "Amador" que Ama cantar ao seu AmorMaria)
Aldo Urruth
Enviado por Aldo Urruth em 30/06/2010
Reeditado em 18/06/2015
Código do texto: T2350808
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