A Aparência do Desânimo

Pensava em você

Gostava de fazer comparações

Todas,

Todas elas,

Penso eu, te exaltando e te elevando

A patamares que eu mesmo

Nunca almejei

Teus cabelos negros

Comparava com a maciez e o brilho

Do melhor veludo

Ou com o caudaloso Rio Negro

De teus olhos escuros

Emprestei a tranqüilidade

De um poço muito profundo

Emprestei a serenidade divina

Do olhar dos anjos

Em teu sorriso vi

A mágica sedução das sílfides

A doce alegria inocente das crianças

Em teu coração, eu tinha certeza,

Batia a paixão ardente

E o amor verdadeiro

Batia com o ritmo e a força

Do tambor de um batuqueiro da Baixa

Em tua beleza julguei perceber

A mais perfeita tradução

Da beleza feminina

A total sublimação

Do corpo e alma da mulher

É verdade, com tantos encantos,

Com tamanhos atributos

Que deveriam te colocar num patamar

Acima dos homens, acima das mulheres

Tão próximo dos anjos

Como pode, pensar em você

Me fazer tanto mal??

Como pode tanta alegria

Trazer tamanha tristeza?

Como pode tanta beleza

Enfear tudo por onde passa?

Como pode em cada primavera

Perder o amor pra toda vida

E encontrar um novo amor verdadeiro?

Como pode ser

A honra e alegria de amar você

Provocar tamanho desespero??

Não pode você querer

Para sempre as melhores comparações

Sem saber amar

Sem saber ser amada

Porque quando menos espera

Pensar em você nos provoca

O mais profundo desânimo...

Ayrton Mortimer
Enviado por Ayrton Mortimer em 30/06/2010
Código do texto: T2350026
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