A Aparência do Desânimo
Pensava em você
Gostava de fazer comparações
Todas,
Todas elas,
Penso eu, te exaltando e te elevando
A patamares que eu mesmo
Nunca almejei
Teus cabelos negros
Comparava com a maciez e o brilho
Do melhor veludo
Ou com o caudaloso Rio Negro
De teus olhos escuros
Emprestei a tranqüilidade
De um poço muito profundo
Emprestei a serenidade divina
Do olhar dos anjos
Em teu sorriso vi
A mágica sedução das sílfides
A doce alegria inocente das crianças
Em teu coração, eu tinha certeza,
Batia a paixão ardente
E o amor verdadeiro
Batia com o ritmo e a força
Do tambor de um batuqueiro da Baixa
Em tua beleza julguei perceber
A mais perfeita tradução
Da beleza feminina
A total sublimação
Do corpo e alma da mulher
É verdade, com tantos encantos,
Com tamanhos atributos
Que deveriam te colocar num patamar
Acima dos homens, acima das mulheres
Tão próximo dos anjos
Como pode, pensar em você
Me fazer tanto mal??
Como pode tanta alegria
Trazer tamanha tristeza?
Como pode tanta beleza
Enfear tudo por onde passa?
Como pode em cada primavera
Perder o amor pra toda vida
E encontrar um novo amor verdadeiro?
Como pode ser
A honra e alegria de amar você
Provocar tamanho desespero??
Não pode você querer
Para sempre as melhores comparações
Sem saber amar
Sem saber ser amada
Porque quando menos espera
Pensar em você nos provoca
O mais profundo desânimo...