CÓSMICA CONDENAÇÃO
Declaro ao Universo que sou culpado. Eu provo
E imploro de joelhos que eu seja condenado logo,
E severamente, por tão grave zelo cometido.
Rogo que eu tenha uma perpétua condenação num paraíso perdido.
Universo! Condena-me com austeridade,
E no momento exato em que eu estiver no êxtase da felicidade,
Jorrando lavas ígneas dentro da grutinha ardente de meu amor,
Que eu jamais saia deste transe hipnótico de sublime primor.
Universo! Não tenha misericórdia de mim,
Que este sacro-ofício seja o meu eterno fim.
Indago: Se eu, após tanto amar,
Não mereceria receber uma condenação assim tão exemplar?
Que eu pague caro pelo meu ato tão desumano,
Por eu ter consumado em loucuras mil, a delícia de um amor extra humano
Em nehnum dicionário terreno, em nenhuma língua aqui falada,
Há sequer uma palavra que expresse a delícia que é amar uma fada.
Para mim seria uma pausível punição,
Viver enquanto houver eternidade, com a íntima missão
De jorrar lava incandescente
Dentro da sutil cratera de um vulcão transcendente,
Vulcão de onde emana a delícia do fogo.
Somente com uma pena assim, eu teria o merecido troco,
Por insanamente amar uma mágica mulher deste jeito.
Amei! Amo e sempre amarei esta mulher que me enlouquece no leito.
Rogo por esta rigorosa condenação,
Porque sei que mereço tão cruel punição.
Viver em êxtase pleno,
Numa cósmica sublimação, seria o meu transmutar num ser sereno.
Sou humano, um exímio pecador,
Não resisti às tentações divinas e deliciosas d'um recíproco amor.
Universo! Condena-me por favor
A viver no deleite eterno com minha cabocla de intenso fulgor.
Conspire drásticamente contra mim Universo. Não seja imparcial.
E no dia da minha "Audiência Sideral",
Decida por unanimidade,
Me condenar por toda a eternidade,
A viver jorrando lavas de fogo,
Do início ao fim do jogo,
Nas entranhas profundas, místicas e efervescentes
De minha alma gêmea transcendente.
Universo! Neste seu movimento incessante,
Por todo e qualquer quadrante,
Condena-me sem nenhuma clemência,
A desbravar com total excelência,
Os recônditos pulsantes,
De magias tão radiantes,
Que ficam espalhados pelos confins intra-uterinos
Desta galáctica mulher, cujo eu sou o seu cósmico peregrino.
Viver nesta insólita fricção,
Seria um salto quântico para o meu coração
Atingir o sublime estado da "Monádica Iluminação".
Que esta seja a minha cósmica condenação.