Pa de deux

A flor se enche de cores

Num jogo lúdico, alegre,

Prenhe de sedução.

Posta-se impudica, entregue;

Ausente de qualquer razão

Aos mimos dos beija-flores.

Assim tu fazes menina

Comigo, bizunga que sou.

Com trejeitos de bailarina

Carrega-me num pa de deux

De teu encanto não saio;

Antes me prendo - pássaro sem rumo.

Ao sugar teu néctar, menina moleca, não caio.

Mas, beija-flor me aprumo.

Prossegue o baile da vida

Com insanas coreografias,

Arautos de más notícias mantendo abertas feridas.

Um voejar de abelhas em insensatas porfias.

Recolho-me, bizunga matuta, pois pouco entendo de tais labutas.

Embrenho-me em versos e trovas.

Oh Zeus! Poupa-me destas provas.

Sou um mero aprendiz de poesias.

A escrita, embora arredia e inóspita, é meu campo sagrado de luta.

Durante minha estadia no sítio de minha prima Lourdes, na Terra Vermelha, assisti inúmeras vezes ao namoro da Bizunga com as flores, das quais recolhia o néctar, retribuindo com a polinização de todas as outras flores, numa troca maravilhosa. Um mágico pa de deux.

Vale do Paraíba, tarde do primeiro domingo de Março de 2009

João Bosco

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 29/06/2010
Código do texto: T2347255
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