Flor de Lis
Nas longínquas e profundas terras
De meu fértil coração
Fez-se uma canção de nova era
E brotou uma flor de emoção.
No tocante ao solo
Que um dia seco,
Recusou-se a receber tal sentimento,
De uma lágrima fecundou
O pólen de amor por longo tempo...
Saciou-me o caráter
E prodigiosa invadiu-me
Por completo.
Encantou-me como nunca acontecido.
Em seus olhos senti a proeza do sentimento.
Pouco entendi, porém,
Porque não esperava.
Do meu entendimento foi além
E me trouxe novamente aquilo
Que pensava ter esquecido...
Na sua figura e voz tenra
A presença infantil e pura
E beleza singular e em fulgor
A personalidade insegura
Roubou-me os conceitos
E me fez aprender
Um outro lado do amor.
Deliciava-me em teu jeito.
Reparava em seus olhos
A luz divina e a esperança
Nas coisas simples da vida.
Teus cabelos exalavam
Uma essência de jasmim
Que talvez nunca ninguém a sentiu...
Por surgir, quiçá, da aspiração
De meu coração.
Deleitava-me em teu sorriso
Como um poeta admira
O sol laranja do ocaso
E o brilho resplandecente da manhã.
Encontrava em ti
Muito mais que o presente,
Mas o futuro daqueles
Que me sucederiam.
Como sucede a lua ao sol
Em noite de céu claro...
A sucessão era as estrelas.
E o céu pontilhado delas
Como pequenos brilhos de felicidade,
De pontos em comum entre nós:
Via em ti a maternidade da minha prole,
Maternidade que seria
Muito mais do que mim,
Do que meu papel em uma família.
Nos teus beijos desajeitados
Encontrei algo muito mais
Que simples beijos.
E o que me despertava eram mais
Que volúpias terrenas
Talvez a espirituosidade que me faltava
E o incrível desejo que sentia arder
Pelo calor de sua pele por estar comigo.
Completude. Era isso.
Num toque que era somente nosso,
Nada mais existia, só aquele momento,
Naquele minuto, naquele segundo.
Não entendi por nunca ter experimentado,
Por nunca ter existido em mim antes.
Foi despertado, agora entendo. É isso.
Minha lua! Era assim que te via.
Era assim que sussurrava para mim mesmo
No recato de meus pensamentos.
E assim via seu semblante iluminado
Como a lua cheia em céu límpido.
Em meu trono.
Na metáfora da minha vida,
Eu era um reino, construído por pinceladas
De sensibilidade e força de um artista.
Havia um trono.
Você sentada nele,
Reinava em minhas buscas.
Eu só um cavaleiro.
Buscava vencer todas as batalhas da vida.
Era uma metáfora, porém viva.
Entre tuas coxas
Encontrava o recanto
Mais confortável que pude ter.
Teu calor e a maciez
Acariciava meu espírito
Com a sensação mais ardente
Que já pude sentir.
O gosto era claro
E o sabor de uma flor,
Como aroma de lírio,
Que nunca senti.
Teus seios...
O colchão que repousava minha tez
E amamentava meus sentimentos
Do prazer divino
De um momento cálido de louvor
E regozijo de existência real.
Tuas mãos tão delicadas
Eram duas pétalas
Que massageavam minha alma
E através de minha pele
Eu recebia o carinho sincero
De quem me amava
Como nunca houve antes...
A paz proporcionada
Foi singular em minha vida.
Na tua companhia
Vislumbrava os vales mais férteis e verdes,
Que os olhos podem construir
Em forma de imagem.
Neles pensava em plantar
Os frutos que nutririam
Os desejos de uma felicidade plena
Coberta de paz e alegria.
As asperezas da relação
Machucaram um coração
Tão comovido pela tua beleza.
Estética que cintilava o seu interior
E externava uma alma
Que atingiria a grandiosidade
Na visão de um singelo e sensível poeta.
Não sabia que o amor poderia
Ter tantos espinhos.
E que suas picadas
Poderiam infeccionar os sentimentos.
Mas como diz a ciência:
Infecções, quando superadas
Pelo “corpo” em febre e cego,
Fortalecem a resistência,
A imunologia dos pensamentos,
Da alma e do ego.
Teu jeito cativou meus sentimentos,
Tua doçura acostumou minha visão,
Tua presença atribuiu a inspiração,
Tua existência me abriu o coração
A um mundo diferenciado, mas rico
Que guia-me ao conhecer do espírito.
Um outro lado, magistral, da vida,
Nunca antes me apresentado assim.
Foi- me concedida a luz de aprender
De desenvolver um lado esquecido
Tudo com a experiência vivida com você.
Talvez tudo isso seja a verve poética
Que despeja seu opúsculo em palavras
Bem moldadas de um estilo refinado
Pelas noites em claro tentando entender o mundo.
Mas não há palavras que expressem o recôndito
De algo sentido, e passado,
O qual foi enterrado
Pelas ironias e circunstâncias da vida.
Mas que repousa em findáveis lembranças,
Bem fundamentadas na reflexão sentimental
De uma alma que goza do amor em profundidade,
Tolhida pela razão e representação do que é social.
Pasmem, pensando mais se aprende isso, de fato...
No meu peito, num Jardim sepulcral,
Repousa uma Flor de Lis.
Os ventos não arrancam esse esplendor.
Mas os grãos de sílica por ele levados,
Soterram uma figura
Ainda semblante em meus pensamentos.
O perfume, ainda presente, inspira o entender
Dos fatos mais guardados e selados pelo tempo
De uma experiência que exalou
Os sentimentos mais profundos de uma mente,
De uma arte acolhida pela inspiração perene.
Uma flor que se desfaz,
Em uma mulher linda, desejada e ardente.
Porém, na continuidade da busca
De algo que sempre quis,
Do encontro de uma mulher
Que me faça tão vivo como me fez crente,
Flor de Lis,
Algo semelhante que me toque tanto
O coração, alma e a mente.