Náufragos em Zanzibar

I

Amar-te de maneira tão tensa,

Como só o fazem os animais.

Em ti, minha paixão é intensa.

Sufoco em beijos, gemidos e ais.

Pedes-me; já quase não pensas.

Não pare, amor... não pare jamais.

II

Por desejo assim tão profundo, tenaz.

Navegar por mares estranhos me ponho.

Possuo-te - abro mão de tudo no mundo.

És tu cadela vadia; sou eu um cão vagabundo

Em tua gruta sedenta minhas armas deponho.

Exangue, sacio em ti a minha fome voraz.

III

Um outro desejo, célere, ocupa.

O lugar do que ficou acabado.

Amar-te é bom - pois sem culpa.

Provo do fruto no Paraíso negado.

IV

Teus beijos, amor; são doces, de sabor tão raro.

Que deles, o gosto, a mente, confusa, me olvida.

Recorro então ao Sentir que me é muito mais caro.

V

Não pare, amor! Não pare! Diga-me por toda a vida.

Molhada em suor; trêmula, peito arfando, olhos sorrindo.

Abraço apertado; beijo-te a nuca - de repente, te vejo quieta - dormindo.

Poema relembrando os caminhos que levam de Marrakesh a Bagdad, passando pelo cabo da Boa Esperança, com escala em Zanzibar, que faz rima perfeita com amar.

Vale do Paraíba, Halloween de 2008

João Bosco

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 28/06/2010
Código do texto: T2347123
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