Guarde-me, Anjo

Foi por você que me tornei a proscrita,

a maldita,

foi por você que alterei os ciclos

e criei os reciclos,

foi por você que tombei a letra,

que me fiz ardente greta,

foi por você que abri a cancela,

que enfureci a procela;

Por você, por você...

Maldito, mil vezes, maldito,

que se expande, se espalha,

coloca o corpo ao agito

para qualquer uma que o valha.

Maldito da minha sanha perdida,

da minha desgraça, minha infâmia,

que me torna a desvalida;

eu, que me ardo como Titânia

deitando-o meu Oberon pela relva,

que o trouxe ao fascínio ínfimo

da revelação dos montes da selva,

que o abriguei em meu estuário

em meu estreito de magia e comando,

que o permiti em pé em meu santuário

pelos poderes que abri ao meu mando;

Maldito,

que chapinha pelo meu sangue

e não vê meus olhos derramando dor

nem minhas veias abertas ao exangue;

Maldito,

- tão Bendito -

guarde bem o meu amor...