MÚSICA DO AMOR
Um dia no ano
Cores do amor
Dia de Outono
De frio e calor
Protegidos somente pela chuva
Silêncio
Melancolia
Intensa
Nostalgia
Ouvia-se então a melodia
De negras notas
Inspiradas no âmago
Compostas e sôfregas
Depois de escritas
Sobre preta pauta
Ou o oposto
O ruído estridente
Ao contragosto
Arranha a lousa
De um branco giz
Quando risca a negra ardósia
Um dia
Rompida à tarde
À noite
É iniciado o efeito dominó
Peça branca de pinta preta
Roça uma fina e ávida face
Que derruba branca peça de preta pinta
No bailado das interfaces
Ou pintas...
E tecla a tecla
Pré- anunciam
Sete notas entoam
O som que inebria
Dó, ré, mi, fá, sol, lá, si...
Nasce assim trans-melodia
Que aos corações acalanta
Ainda que em Outono cinzento,
Apresse o rigor do inverno
De triste melancolia
O vento corre em açoite
Solta-se a pena de um anjo
Pelo ar a fulgurar
Que esvoaça e esboça
Uma sinfonia de cores
Na tela o desenho
Emoldura carinhos
São variações de ternura
Ora preta, ora branca
Ora noite, ora dia...
Que nos transcende
Lembra então que o sol
Escondido entre nuvens
Espreita sempre, através da chuva
E que um dia tudo muda
E de sete, simples cores
Casadas às notas
Compõe a magia
E de novo anuncia
Um dia
Preto e branco
Noite e dia
Yin e yang
Numa ode à sintonia.
Hildebrando Menezes