Simbiose
Quando acordo, ainda no frescor da madrugada,
surpreendo-nos abraçadinhos.
Como conchas no fundo do mar,
percebo que nada mudou.
O amor que existia,
em nossa juventude descomedida,
aquietou-se, mas permaneceu entranhado
em nossas almas como os elos de uma corrente.
Seu rosto, desprovido das tintas do medo,
das máscaras de defesa,
parece uma criança num sono
velado pelos arcanjos e suas harpas.
Sem querer perturbá-lo,
mas a posição incômoda de observadora
faz-me farfalhar os lençóis onde repousa,
e ele murmura algo incompreensível.
Suas mãos tateiam o leito
buscando meu corpo que antecede
o seu gesto preciso que,
aconchega-o ao seu numa simbiose perfeita.
Fecho os olhos e,
agradeço a Deus por mantê-lo aqui.
Desce em mim uma paz profunda,
entrego-me a Morpheu...
Juiz de Fora
10/06/05