ANTAGONISMO

Amor que ao tempo resiste

E a cada manhã se eterniza,

Ora brusco qual procela,

Ora suave feito brisa.

Amor que cura e que fere

Que enleva e martiriza

Amor que se perpetua

Que inspira e aterroriza

Meu coração que flutua

Minha alma que exulta e agoniza.

Todo esse antagonismo

Aflige e enternece os meus dias,

Transforma o pranto em sorriso

O pesadelo em lirismo

E torna o meu ser indeciso.

Amor que ao mesmo tempo

É ternura e poesia...

Tortura e melancolia,

Amor que ao céu me arrebata

Com agressividade e doçura

Num dia é paz e alento,

Noutro é loucura e tormento.

Veneno que não me mata

Força que ao rio me lança,

Mas da brutal correnteza

De súbito me resgata

E a um oásis me conduz

Por caminhos de esperança

Os quais trilho na incerteza

De serem trevas ou luz.

Lourdes Cúrcio
Enviado por Lourdes Cúrcio em 24/06/2010
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