ANTAGONISMO
Amor que ao tempo resiste
E a cada manhã se eterniza,
Ora brusco qual procela,
Ora suave feito brisa.
Amor que cura e que fere
Que enleva e martiriza
Amor que se perpetua
Que inspira e aterroriza
Meu coração que flutua
Minha alma que exulta e agoniza.
Todo esse antagonismo
Aflige e enternece os meus dias,
Transforma o pranto em sorriso
O pesadelo em lirismo
E torna o meu ser indeciso.
Amor que ao mesmo tempo
É ternura e poesia...
Tortura e melancolia,
Amor que ao céu me arrebata
Com agressividade e doçura
Num dia é paz e alento,
Noutro é loucura e tormento.
Veneno que não me mata
Força que ao rio me lança,
Mas da brutal correnteza
De súbito me resgata
E a um oásis me conduz
Por caminhos de esperança
Os quais trilho na incerteza
De serem trevas ou luz.