Mas Eu Sei

(Unida na Sua Volta II - em tu)

Continuo aqui no chão úmido

Com a alma molhada de desprazer

Do teu armário

Das roupas usadas pelo teu cheiro guardado

Tão presente

É o som preso em mim

Lembrando-me teu nome

Pelo telefone a tocar

Sem eu atender

Na falta tua, não estou

A festa acabou para mim

Não tenho mais amigos ou vizinhos

Só tua alma a me rodear

Só teus pedaços rodando em mim

Perdi o endereço da minha história

Que foste contigo

É a vitrola enroscada no teu passado

No teu território antes o meu também

Por ti seria capaz de morrer

Mas a vida grotesca não me deixa

É o silêncio aqui

O espírito fraquejando

Chegar até Deus

Na esperança de te ver

Serei uma boa menina

Na esperança de te ver

Se pudesse...

Chegar até Deus...

A igreja ao lado me puxa, tentando a salvação

O medo de sair

Vejo a cruz ao alto clamando ao céu o perdão

E eu embaixo pedindo o amor esquecido por Afrodite

Nos jardins dos espinhos, veneno espalhado

Fecho para o ar sólido passar

Como passou para ti

Voltar para cá é tempo demais

Sem ti

Estou sem ti

Sem teu sorriso colorido

Tua boca sensível

Que me davam a vida de presente feliz

É real tua falta

É real a lua sem o sol

Caio na pílula

Sem saber se quero dormir

Para sonhar contigo

Caio na cafeína

Sem saber se quero ficar acordada

Para estar rodeada da realidade, fantasiada de ti

Que some quando tento alcançar-te

Talvez eu consiga prosseguir

Levantar-me

Sem ti

Ou contigo me segurando, guiando

Mas são teus olhos na vidraça dos meus pesadelos registrados do antes

Do passado acometido

Viajado

Sem passagem de volta

Talvez eu consiga...

Passar pela rua dos solitários cicatrizados

Pelas lágrimas derramadas

Encharcando meu corpo camuflado

Num planeta meu

Não mais teu

Repleto de lembranças idas

Sem vindas

Sem volta.

*

Gisele Galindo
Enviado por Gisele Galindo em 24/06/2010
Código do texto: T2338571
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