Estrela Cadente do Poeta
Quando o poeta a viu, estava tão carente de uma imagem
que a pintou com sentimentos, forjando-a com suas cores,
assim, não pôde vê-la como âmbar, seus prismas a reluzir
multi tons, tão somente dela, nunca seus, querendo sumir,
deixando o poeta na sua propriedade de sofrer runas dores.
Ela se parecia tanto a parte da sua meia alma,
asa complemento no conjunto próprio de si,
a parte no encontro matéria do sonho dos anjos,
luz da humana completude dos que dormem
cheios de gozo e felicidade terna, cheios de paz,
dos humanos encantados que acham o caminho
encontro capaz de se aninharem fazendo amor
e levantarem vida com gosto puro de respirar mais.
Todas as estrelas são lindos sóis,
mas são as estrelas cadentes
sempre mais bonitas de se ver.
Seus minutos de raro esplendor
superam as luzes fixas das demais.
Se há algum amor guardado,
águas ternas e salgadas
descem os rios cristalinos
com calor no seu leito macio
e se espalham pelo chão,
trazendo imagens espelhadas
dos cabelos em desalinho
que o poeta ampara com a mão.
Tal fruto de uma conspiração do universo,
as lágrimas turvam a lente que procura
ver o curso da estrela que sozinha cai
agasalhar seu ainda frágil desamparo,
poder ir ter com ela e plantar novos sóis.
As lágrimas soleiam o rápido áureo movimento
da visão tão magnética, cheia de magia luz,
da cadência que some diante dos olhos do poeta,
obrigando-o a experimentar a impotência doída
de não pode segurar a luz singular em suas mãos,
sem poder dela iluminar sua vida, repartir a ternura.
Continua a busca dos outros olhos em faróis,
luzindo mesma claridade que seu amor sol na lua.
Só lhe resta agradecer a ela possibilidade, linda miragem
de um cristal com pura energia, tão bonito, feitio maestria,
que se quebra quando cai, não importa sentir-lhe a leveza,
mas num sonho relâmpago permitiu enxergar-lhe a beleza,
suprindo ao poeta do sentir desperto, elemento da poesia.
Ana da Cruz, Estrela Cadente do Poeta, Mural dos Escritores, 29 de maio de 2010.