REVERSO

tua imagem fática, haverá que me perseguir

eternamente,

por todos os lugares em que eu andar.

ruas estreitas de são joão d'el rei,

rua direita de sabará,

ou até mesmo, pêlos becos empoeirados e miseráveis

da cidade de natal.

tua imagem sobrepõe-se incisivamente

aos contornos das igrejas barrocas de minas,

ou aos cortes modernos da projeção de brasília.

tua imagem é sombra insistente

que em cada canto se observa,

é uma presença insistente que se materializa,

por onde quer que eu esteja passando.

é um sopro agradável, feito brisa marinha,

um salto preciso, num desejo vivo e ardente;

provoca um desequilíbrio emocional

de conseqüência imprevisível,

a simples constatação de sua chegada.

num repente,

destes muitos imprevisíveis,

tua imagem se vai,

como a onda se vai

como a sombra se desfaz ao vislumbrar-se a luz.

fica um gosto amargo em tudo quanto tocastes;

fica uma saudade profunda

hostilizando a própria saudade.

fica um desejo disperso

e a impressão invisível

de que estás sempre por perto.

mas, um caminho se abre, neste repente

e percebo as marcas do indelével contato;

este que me impregnou de todas as tuas marcas e manhas,

deste indelével fato,

que reflete para sempre,

por todos os caminhos

a entronização de toda a bravura,

de toda a coragem refletida

que esta tua grande imagem presente,

faticamente mostrou pela face invertida.