Sobranceira mulher
Que enrodilha minha vida
Deixo-te aqui,
(é noite!)
E na despedida
Beijo tua face,
Entrego-me ao teu abraço,
E te prometo, vou sem medo!
Buscar no céu uma estrela!
Arrancá-la-ei, da abóboda celestial,
Da cômoda luz que irradia
E com esta, apascentarei teus sonhos minha amada.
Durma meu anjo, minha rosa mimosa,
O sono te é útil e enobrece
Tua viajem, de retorno, ao mundo dos despertos
Eu, poeta sem sonhos!...
Tenho meus escolhos;
Vigio as horas,
Embebo-me das madrugadas:
Tecelãs dos meus versos sem métrica e sem arrimo
Minha barca atravessa rios turbulentos,
Meu sentir é eterno desconserto
Meus sonhos são trespassados de tormentos
Durma minha irmã, amanha é outro dia
Hoje é sempre, minha maior ventura!
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Nasce o Sol, e não dura mais que um dia;
Depois da Luz se segue à noite escura;
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas e alegrias.
— Inconstância das coisas do mundo! –
Gregório de Mattos