Fac Símile

Tua sombra fugidia perpassa meu deserdado, insone pensamento.

Meu faminto farejar te perscruta pelas sendas escusas da noite.

Ambígua, deambulas perdida, a reivindicar, veemente, o que foste:

O farol entre as brumas, o mote de um poema de enamoramento.

Hoje enclausurada na torre a recitar teus sofridos versos pretéritos,

A lançar tuas tranças, olhos a lacrimejar em teu rosto pálido

Vasculham o horizonte em busca de sonhos que já foram válidos.

Sou eu velas despedaçadas ao vento; És tu timoneira em busca de crédito.

Fac símile nas calçadas a esmo jogada, outrora amada imortal, meta de cavaleiro andante;

Malversaste teu espólio, a espezinhar crendices de apaixonado, a malbaratar o coração a ti ofertado.

Quatro cavalos inquisitoriais torturam um nômade querer, um não saber te deixar definitivamente de lado.

Arrancar-te do peito é mais que um dever: perpertuar-te na mente, é, paradoxalmente, meu desejo constante.

Poder ter provado do doce gosto do amor, por mais que tenha sido doído, é o diferencial que faz a nossa vida valer a pena. Principalmente quando sentimos que amamos e somos amados com plena compreensão, com a única maneira em que o amor se sente pleno, solto como um falcão em vôo - em Liberdade.

Cidade dos Sonhos, tarde de um ensolarado Domingo de final de Junho de 2010

João Bosco

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 20/06/2010
Reeditado em 20/06/2010
Código do texto: T2331135
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