SONHO REBELDE
Na carência madrugada pelo coração
fumega a aurora simulada do Éden,
aonde a paixão é um acorde do beija-flor
roubando sumos, embriagando
o anjo para o desenho da alma
Assim, ao te amar eu disparo do sexo
canções que o céu libera ao orvalhar
a estrada lisa dos devaneios sem porteira,
porque o amor só vira bicho solto
na caverna em que o dragão respeita o galo
E respeitar o galo é entender: o anjo é a fera
vencida a manhã, porque o grito do fantasma
na escuridão guardada do mato é apenas
o amor declarado do homem que não aceitou
a morte sem antes gravar na pedra o amor
E se o amor promete que o fim se foi
a riqueza deixa o escondido da terra
e gira-sol-afora, relinchando indecências
que o ancião acalanta no sonho rebelde
que um dia foi cavalo galopando o raio
e hoje é o raio dardejado do cavalo no cio da mulher