A BOLA QUE MEU AMOR ME DEU
Você não gosta de bola, mas me deu
quando nos olhamos no arraial junino.
De posse desse jogo afetivo
conduzi meu coração para área central
enquanto minha festa interior se acendia
no ritmo quente das fogueiras de São João.
Em vez de bombas, te dei beijos
Em vez de balão, um coração em festa.
No jogo tênue do amor, a rede segura o gol
da emoção SEM TRAMA,
e no lugar do apito, há o grito do prazer exortado
sem regra, nem impedimento, nas quatro linhas da cama.
Quando distante nos postamos,
a arena cheia de quereres nos sacode
rumo às novas jogadas - dribles do tempo
para que a afetividade não se converta em pênalti.
Meu coração te deu bola
Meu São João rala e rola
Um dia o fim do jogo vai chegar
como chega o outono
como chega o barco, como chega o dono;
Um dia poderemos não mais chegar
se o Grande Juiz trinar o apito final...