Redondel

Quando a vida se apura e começa

A querer vencer o tempo e correr mais

Menos espigas dão os milharais.

Quanto menos a vida se ansia e tem pressa

E caminha no passo do sol sem pedir meça

Mais ligeiro se cumpre o que há de cumprir

Depois de o sol pontualmente sumir

E os pesadelos mais medonhos

Quando a vigília atrasada resolver dormir

Na loucura adiantada dos sonhos

Que a corda toda vai consumir

Da mola exata da vida

Até a última espiral distendida

Anunciando o segundo de partir

No rumo da volta e ir

Desde o fim para o recomeçar

E se o medo for grande de voltar

Que se saiba que quando o Amor é maior

Como não sabem os ponteiros

Não há porque temer o retornar.

Como faz sempre a primavera

Que rebenta em vida após o inverno

E sem medo do calor do inferno

Do verão, atira flores para a fera

Mesmo sabendo que ele espera

Para, vampiro, com sua boca ardente

Secá-las da raiz à semente

Mas o outono vai ressuscitá-las

Unidas à vida das folhas defuntas

Que se suicidam para renascerem juntas

Às flores redivivas da esperança, sem perguntas...

Amarelas, como os pendões dos teus cabelos Trigais

Ruivas como os teus pêlos milharais

E negras como o rímel das molduras juntas

Dos teus olhos, lisos como a tua pele quando te untas

Da Alma da Macadâmia para diminuir o atrito

E aumentar o nosso silenciosos grito

Quando matarmos os nossos pesadelos

Ao nos utilizarmos, como os camelos

Do nosso reservado Amor, que é infinito..

E se soltam os brotos dos novos segundos

Para rejuntar o que separaram

Esses que pensaram

Os ponteiros morimundos

Que há um só tempo para os vários mundos

Esses que aprenderam apenas a formular

A definir e enquadrar

Sem saber que o tempo e a vida

São feitos do movimentar...

Que Amor que morre, nunca foi Amar...

Aldo Urruth
Enviado por Aldo Urruth em 18/06/2010
Reeditado em 18/06/2010
Código do texto: T2327123
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