A cada tempo
Seria tão mais fácil se a vida fosse linear como a régua. Sem curvas, sem desvios, sem sorrisos falsos e lágrimas desconexas. Sem a dor da partida, o amor descabido, a tristeza sem fim. Seria tão mais fácil se o ato de amar não implicasse em abandonar a consciência, abdicar da cadência do samba, chorar como menina/mulher. Seria tão mais fácil livrar-se das promessas vazias, viver como o beija-flor, amar como a criança, esperar com a tolerância dos idosos. Transformar em pó a vã filosofia de uma vida sem enganações. Tornar a acreditar que é possível ter um amor, um amigo, um livro e nada mais - e isso bastar. Fazer da vida, de cada momento, aquele instante do qual nos lembraremos muito, muito mais adiante. Marcar com tinta têmpera no coração os versos de amor. Rir, chorar, viajar e perdoar. A cada tempo, em cada tempo, para cada tempo certo.