Retrato

Te lendo em preto e branco,

uma foto, um momento fixo no rápido obturador.

Teus cabelos soltos deixam soltos sentimentos antigos e tantos,

mexidos, remexem a alma e a fazem mergulhar no emaranhado que é a vida e a sua dor.

Teus olhos, caidos, fixos ao chão como se a olhar para a vida

que livre e moleca se coloca aos teus pés,

teus olhos enganam, teus olhos dizem verdades, teus olhos choram no íntimo a cada lida

como se não soubesses que a vida aos prantos e abaixo te pertence, por saber quem és.

Tua boca muda como que a pensar no que dizer.

Tua alma me diz mais, teu pensamento me fala mais alto e mais claro.

Tua imagem me enobrece, porque nobre é a alma do poeta em seu ser,

esta pobre alma que aqui se revela, não mais que a foto em preto e branco

dessa que é, de todas, a mais bela e de quem falo.

Pego a minha pena e que pena eu não estar contigo...

de resto, me sobrou a imagem que guardo como quem guarda a vida do rei.

A tua face por completo me exprime um sentimento por derradeiro:

não sei o teu paradeiro, mas sinto que te tenho, ainda que não por inteiro.

VALBER DINIZ
Enviado por VALBER DINIZ em 17/06/2010
Reeditado em 24/03/2011
Código do texto: T2325071
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