Viajante nos ventos
Navega pensamento,
Leva-me ao sabor do vento,
Nas marés que a vida faz,
Na onda que vai e vem,
Pelas praias vistas jamais,
Aquele dom de estar bem com a vida,
Tendo sempre a mão estendida,
Afagando, distribuindo alento.
Navega pensamento, navega,
Faça do caminho uma entrega,
Onde haja a reverência,
Pelo encontro ao contentamento.
Quero ser efusivo em poemas,
Pousado nos velhos temas,
Sem deixar que a irreverência,
Baile nas linhas que escrevo.
Navega pela procela
Pensamento andejo, vadio,
Busque sempre falar dela
No inspirado verso que irradia,
Iluminando a vista escura,
Refrescando o calor da pele,
Da tez imaginária, sombra,
Que se faz espelhada, debruço,
Dormitando às vezes em soluço,
Pelas viagens feitas a esmo,
Tentando descobrir no azul,
Nas cores dos olhos dela,
Um lago manso, terno,
Para serenar, o dom da vida
De ser seu poeta mesmo que nada perdure,
Ser sempre, sempre eterno.