Folhas e Flores...

Eu percebo com ledo espanto,

que eu te amei tanto e tanto,

que quase me perdi de mim

embora o sabor desse veneno

que sobrou na minha boca

parecendo jamais ter fim,

me deixasse impregnado,

tornando a voz breve e rouca

e o coração pobre e pequeno

sabendo que soube errado.

Mas ficam, em meio ao perfume

exalado algures por tantas flores

no significado de tantos amores

que meu entendimento cobra

o mesmo veneno de meu ciúme;

e no desânimo de minha vida

e na vida que ainda me sobra;

as lembranças do que já pude.

Ainda trago as luzes dos anos

na ilusão pouca de juventude...

Esqueci, porém, alguns enganos

com os desenganos que olvidei;

as muitas coisas qu’eu aprendi

todas aquelas que eu não sei

e tantas e quantas já esqueci.

É que, a ilusão é bela e doce

tão simples de se crer nela !

E é como olhar pela janela,

para saudar um sol nascente

com a lembrança do poente

que ocorreu ainda ontem.

E, mesmo que assim não fosse

por mais que as flores contem

o que parece verdade dura,

aprendi que o sabor do nada

se não é a verdade garantida

é toda a lembrança resguardada

sombra atraente de verdade pura;

mentira oculta de qualquer vida...

Porque o mundo das evasivas

repleto de caminhos e portas

sempre coloca folhagens vivas

no lugar das folhas mortas...

Joscarlo
Enviado por Joscarlo em 13/06/2010
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