Doce ambição

Para tanto, basta o nada,

Neste incontrolável êxtase de desejar,

Desejar acreditar para ver,

Entender

Sufocar ultrapassando os limites,

Todo o conteúdo de forças,

Sem que,

Nem se quer,

A leve sombra do objeto,

O contexto fundo vindo da mulher,

Faça-te

Entrega-te,

A longa obscuridade de ser só.

Ah, quanto o fui,

Quanto tu fostes,

Cremos para ver,

Era um sonho,

Inverossímil quanto às fadas,

Contos verdejantes.

Palpitamos nas nuvens,

Navegamos nas ruelas escuras,

Do homem a mulher,

Da fêmea o pudor,

Do macho o instinto,

A febre latente que riscou a poesia,

Enquanto das mãos dela,

Da serena ambição de amor

Fui vestido em fantasia,

Enquanto a vida se despia

Desfazia-se daquele nada

Onde para tanto, apenas bastava...