Devaneios...

Como nos campos incultos

que exibem tantas flores,

talvez a força de mil amores

não mostre os desejos ocultos.

E entretanto esses desejos

são as minhas sombras d’alma

que quando a noite se acalma

ocorrem tornar-se beijos...

Como suave toque no veludo

macio e leve de teu ventre,

um rastro deixado no relvado

onde tua atraente flor do prado

nunca admite que eu entre;

vence-me a voz, torna-me mudo...

Quando toda a força me impele;

quando todo o meu sangue aflui,

há um refluxo que se dilui

na úmida turgidez de tua pele:

é minha busca que não termina;

mas que atrai, envolve; excita,

que me devolve, esquece e evita

se tua semente nunca germina...

E não obstante, não esqueço,

mesmo em um segundo perdido

quando meu sonho é devolvido

submetido a mais um tropeço...

E em tons suaves de azul e mel

só devaneios e sonho improvável

porque tua voz em tom amável

cerrou-me as portas do céu...

E aí, eu sou o dono do impasse

imaginando o que podia advir

já que tua voz só se fez ouvir,

para impedir que eu passasse...

Mas quando a desilusão livre passeia

pela longa linha ausente de magia

de tanta mágoa tão repleta e cheia,

um murmúrio teu renova a esperança;

faz-me homem com jeito de criança

aprendendo enfim, como viver poesia...

Joscarlo
Enviado por Joscarlo em 12/06/2010
Reeditado em 12/06/2010
Código do texto: T2315145