COLIBRI
Exalta-me o calor das açucenas
E como um colibri eis que adeja
Em asas tão servis e tão pequenas
Que o colo teu distante o fraqueja...
Eu sou um colibri que se assusta
Com o brilho dos seus olhos que enseja
Inebriar com seu perfume e custa
Afirmar que meu amor a si deseja!
Uníssono o vento taciturno e sibiloso
Revela-se audaz ao seu cabelo regelar,
Assanha suas madeixas e me faz ditoso
O silfo vem e ganha, boto as asas a ruflar.
Eu sou um colibri que desespera
Suas penas graciosas de candura,
Quando se vai a luz do sol que impera
E muito mais quando seu pôr não dura!
Proteja-me do vendaval, ó ninfa!
Abraça-me no teu conforto,
Me afaga! Mata minha sede na linfa,
Pois sem seu amor sou já eu morto!
Eu sou um colibri que te espera...
Para sorver de ungido meu beijar!
Um rumo no seu coração, quem dera!
Eu sou um colibri quero voar!...