Eu Pecadora...

Saio da escuridão...

Titubeio, piso em falso...

A luz ofusca a visão,

Persisto no encalço.

De ir de encontro à luz!

Esforço-me, cambaleio,

Corpo pesado, passos cansados,

Descompassados, sem precisão...

Recomeçar é preciso,

Livrar-me do castigo

A que me condenei...

Livrar-me dos pecados

Que me foram atirados

Sem eu mesma saber por quê...

Sem direito de me defender...

“Eu, pecadora, confesso...”

A culpa que não cometi,

As dores que muito sofri,

As lágrimas que tanto verti,

Percorri caminhos sem fim,

Arranquei espinhos de mim,

Chutei pedras de ruas esburacadas,

Encostei portas escancaradas,

Emergi de areias movediças,

Segui o destino selado, submissa,

Fiz da dor, escudo salvador,

Sufoquei mágoas... Doídas, salgadas,

Estanquei o sangue vertido em lágrimas...

Amei, me entreguei de qualquer jeito.

E colhi canteiros de amores imperfeitos...

Busquei nua o poema, no fim da rua...

Sofri, cresci,aprendi, não desisti...

A vida é luta renhida...

E me pergunto, enfim...

O que mais ela quer de mim?

Agora volto e protesto...

Quero a absolvição!...

Se amar demais é pecado

Morro sem pedir perdão...

Pois amar foi o que mais fiz,

Não me importa se a pessoa errada,

Não me importa se fui enganada...

O que importa é que eu amei,

E às vezes fui eu Feliz...

Victória Moore
Enviado por Victória Moore em 08/06/2010
Reeditado em 08/06/2010
Código do texto: T2307957