Eu Pecadora...
Saio da escuridão...
Titubeio, piso em falso...
A luz ofusca a visão,
Persisto no encalço.
De ir de encontro à luz!
Esforço-me, cambaleio,
Corpo pesado, passos cansados,
Descompassados, sem precisão...
Recomeçar é preciso,
Livrar-me do castigo
A que me condenei...
Livrar-me dos pecados
Que me foram atirados
Sem eu mesma saber por quê...
Sem direito de me defender...
“Eu, pecadora, confesso...”
A culpa que não cometi,
As dores que muito sofri,
As lágrimas que tanto verti,
Percorri caminhos sem fim,
Arranquei espinhos de mim,
Chutei pedras de ruas esburacadas,
Encostei portas escancaradas,
Emergi de areias movediças,
Segui o destino selado, submissa,
Fiz da dor, escudo salvador,
Sufoquei mágoas... Doídas, salgadas,
Estanquei o sangue vertido em lágrimas...
Amei, me entreguei de qualquer jeito.
E colhi canteiros de amores imperfeitos...
Busquei nua o poema, no fim da rua...
Sofri, cresci,aprendi, não desisti...
A vida é luta renhida...
E me pergunto, enfim...
O que mais ela quer de mim?
Agora volto e protesto...
Quero a absolvição!...
Se amar demais é pecado
Morro sem pedir perdão...
Pois amar foi o que mais fiz,
Não me importa se a pessoa errada,
Não me importa se fui enganada...
O que importa é que eu amei,
E às vezes fui eu Feliz...