Exegese
Exótico modo de amar
Este nosso querer psicótico;
Varia do romântico ao neurótico,
Penas de águia no penhasco a trocar.
És como sal na carne ferida,
Estrelas destruídas outras estrelas formando;
A ver douradas estrelas, onça no cio se dando,
Fênix rediviva: teus olhos a iluminar-se de vida.
É lascivo, é poético, entregar-te descrente de mim,
A me fartar de teu gozo, teu choro, teu riso em cristal;
Beber em teus seios, crente em nós dois para o bem para o mal,
Meia taça de ópio, outra metade de fogo, teu orgasmo sem fim.
Teu calor hipnótico, teu cheiro sem par, teu beijo tão doce,
São balizas seguras do existir nesta Terra tão árida, herética.
Tua viuvez sem esquife faz teu sexo mais cálido, tu bem mais pragmática.
Há um arco-íris na tarde – foi um anjo rebelado quem trouxe.
Há um poema da poeta portuguesa Florbela Espanca que amo do mais fundo de minha alma. Dele extraio este verso que fala por si só: “De olhos postos em ti, sigo de rastros: podem voar mundos, morrer astros, pois tu és como Um Deus, princípio e fim”.
Cidade dos Sonhos, data estelar, uma tarde fria de Inverno de Junho de 2010.
João Bosco