Incógnita

Serei eu, será você,

Que contará a fábula às estrelas?

Quem há de festejar a noite,

Um pelo outro?

Serei eu aquele que há de corromper,

Quebrar o voto, os laços dirigidos a Deus?

Quem sabe será você,

A primeira a tocar os teclados,

Dedilhar o amor,

Sinfonia traiçoeira vinda,

Erguida do desconhecido.

Será você, serei eu,

Com quem estará a palavra,

Comigo, escravo dos seus pertences,

Com você, de ambição eterna escrava?

Com quem estará a razão,

A causa justa,

A mão que aponta,

Que lança a pedra fatídica?

Serei eu, será você

Quem se erguerá no pedestal,

Quem ficará rastejante?

Quem, qual se somos infinitamente únicos?

Se somos apenas um,

Um só ocupando uma só alma

No nosso único e pequeno espaço.