Nunca te irei perceber…

Essa coisa de antes de me deitar

Ter que o nosso sonho

Incinerar

E durante as horas que se seguem

Arranjar outros sonhos

Que me façam sorrir

E nunca perder a fé

Nunca parar de acreditar…

Porque injectas

E duma forma concomitante

Sugas a vida de dentro de mim

Embora isso não me mate

Porque a vida é algo de intrinsecamente infindável

Mas a parte que me retiras

Por vezes parece um dano irreparável…

Não consigo explicar

Porque te amo

Apesar

De tanto me magoares

Porque posso ter outros destinos afectivos

Mas o teu agridoce

É aquele

Que eu estupidamente

Mais pareço gostar…

Nos berros de dor que exalo

Nos de prazer que transpiro

Os primeiros caem à noite

Nas ruas que procuro sem gente

Para não me humilhar

Os segundos vão para a escrita

Na prosa quando me sinto a morrer

Na poesia quando há uma esperança

Insana

Que não sei explicar

A esperança

De que por mais mil anos

Outros amores continuarei a amar

Embora tu tenhas sido a única

Que nunca

Realmente

Em mim

E para ti

Consegui entender

Consegui explicar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 08/06/2010
Código do texto: T2306866
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.