Nunca te irei perceber…
Essa coisa de antes de me deitar
Ter que o nosso sonho
Incinerar
E durante as horas que se seguem
Arranjar outros sonhos
Que me façam sorrir
E nunca perder a fé
Nunca parar de acreditar…
Porque injectas
E duma forma concomitante
Sugas a vida de dentro de mim
Embora isso não me mate
Porque a vida é algo de intrinsecamente infindável
Mas a parte que me retiras
Por vezes parece um dano irreparável…
Não consigo explicar
Porque te amo
Apesar
De tanto me magoares
Porque posso ter outros destinos afectivos
Mas o teu agridoce
É aquele
Que eu estupidamente
Mais pareço gostar…
Nos berros de dor que exalo
Nos de prazer que transpiro
Os primeiros caem à noite
Nas ruas que procuro sem gente
Para não me humilhar
Os segundos vão para a escrita
Na prosa quando me sinto a morrer
Na poesia quando há uma esperança
Insana
Que não sei explicar
A esperança
De que por mais mil anos
Outros amores continuarei a amar
Embora tu tenhas sido a única
Que nunca
Realmente
Em mim
E para ti
Consegui entender
Consegui explicar…