... Nascendo um poema

O encontro da água,

Prateando a vidraça,

Com as hastes sombrias,

Nas varandas frias,

Escurecendo mais e mais,

Os aventais sujos,

Nas caras de vida incerta

Dobro o orgulho,

Possessão indefinida que rebate,

Descalçando os alicerces,

Ruindo alguma espera vã.

E quando se fala em saudade,

A resistência ao passeio fica inválida,

Absorvendo dianteiros rumos,

Buscando as linhas do ocaso,

Tentando ler manhãs,

Decifrando domingos de sol,

Raiados na ausência de tudo,

Mas, sempre presente a vida,

Em suas coberturas, máscaras,

Fantasiando quando não é festa.

Quero como quero ir ao encontro,

Desabotoar as luvas e escrever,

Retocar os vocábulos,

Atropelar tudo, acentos e pontuações,

Mas, ser livre, errando a gramática,

Atingindo o ponto certo,

Exato pratear de água na vidraça,

Em mais um patamar vivido,

Até que, o despertar dos sonhos faça aberto,

A chamada final, recostada nos barrancos,

Muros que fazem nossas vidas...

Eternas mentes retidas.