Inteira em versos

Sua voz machuca minha saudade,

Enquanto seus olhos vestem solidão,

Esta angústia que fomenta,

E docilmente alimenta

A perene sensação de mergulhar,

Apagar na reverberação,

Nos lagos azuis que ondulam as calçadas,

Você é pedaço dos meus contos adormecidos,

E inteiro em versos,

Nas partes das noites

Nas metades que nunca chegam amplas.

Você é infinito quando,

Quando busco finais,

Luz que vislumbra na ausência

Sem entender as razões.

Você incógnita, interrogação,

Pergunta sem resposta,

Verdade quando tento mentir

Enquanto sou apenas a inverdade,

Omissão dos fatos

Sem cálculos, sem projetos,

Uma folha que flutua,

Uma viela, pedaço de rua,

Na poeira que alaga meus olhos

Afogando minhas frustrações.

E pelo simples fato de estar aqui,

Quero que machuque minha saudade

Vestindo mais uma vez a solidão

Enquanto morro em tanto azul.