Cânticos dos Cânticos
Dedicado a GCM
Meu bem amado
Cativaste meus dias entre angustia e encantamento.
Acordaste junto a mim, amor.
Embriagados proclamamos um acordo maior que o de amizade.
Agora já não sei onde... aonde encontrar-te.
Sigo as pisadas das ovelhas por ti apascentadas.
Meu bom pastor
Eu que não sabia amar
Agora no espelho confundo: este sou eu?
Quando escondido vieres me visitar no breu de alguma noite,
Protege a chama do lampião, para que assim não percas o olhar
Daquele que anseia ser-te próximo... sim eu!
Não pergunto o que já não sei responder.
Estou me empobrecendo por uma bem-aventurança,
Para assim buscar o que há de mais simples e que posso amar e querer.
Quero escolher a tua companhia,
mesmo se nos censurarem sei, nos há entendimento...
...Incolor,
Minha alma líquida atravessada pela luz,
Outrora inunda minhas pupilas transbordantes ao observar o mar infinito
No qual tu partiste em uma nau...
Foste mar e eu sede infinita.
Quantas vezes, ao ouvir um ruído, apareci à janela e não éreis.
Tornei minha própria companhia proibida...
Não pecaste, nem hesitei.
Tuas ovelhas (os teus dias) deixastes em outras terras,
Talvez para memória tua e de outro pastor que te espera,
Escolhestes o mar, e viver nele novos dias,
Onde tudo descamba e conflui em desejo e silêncio...