Cânticos dos Cânticos

Dedicado a GCM

Meu bem amado

Cativaste meus dias entre angustia e encantamento.

Acordaste junto a mim, amor.

Embriagados proclamamos um acordo maior que o de amizade.

Agora já não sei onde... aonde encontrar-te.

Sigo as pisadas das ovelhas por ti apascentadas.

Meu bom pastor

Eu que não sabia amar

Agora no espelho confundo: este sou eu?

Quando escondido vieres me visitar no breu de alguma noite,

Protege a chama do lampião, para que assim não percas o olhar

Daquele que anseia ser-te próximo... sim eu!

Não pergunto o que já não sei responder.

Estou me empobrecendo por uma bem-aventurança,

Para assim buscar o que há de mais simples e que posso amar e querer.

Quero escolher a tua companhia,

mesmo se nos censurarem sei, nos há entendimento...

...Incolor,

Minha alma líquida atravessada pela luz,

Outrora inunda minhas pupilas transbordantes ao observar o mar infinito

No qual tu partiste em uma nau...

Foste mar e eu sede infinita.

Quantas vezes, ao ouvir um ruído, apareci à janela e não éreis.

Tornei minha própria companhia proibida...

Não pecaste, nem hesitei.

Tuas ovelhas (os teus dias) deixastes em outras terras,

Talvez para memória tua e de outro pastor que te espera,

Escolhestes o mar, e viver nele novos dias,

Onde tudo descamba e conflui em desejo e silêncio...

Fellipe de Sousa
Enviado por Fellipe de Sousa em 05/06/2010
Reeditado em 04/11/2011
Código do texto: T2301170
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