MALDITOS... AMOR E CORAÇÃO

Maldito o amor que veio depois, do tempo de vingar

Que prendas terá no final da estação... No orvalho escondido.

Terá que ter força dobrada, e saber fantasiar a vida, o caminho

Desses amores que aparecem de mansinho, quando a juventude já se foi

Que quer também ter o seu desabrochar, quer também sentir carinho,

É como ave migratória, de déu em déu a procura talvez, da cara metade.

E assim com boa idade, será que tem direito de sonhar de amar

Ou vem assim porque estava latente ou reprimido, da vida a desconfiar

Maldito amor que não veio na primavera e me aparece no meu outono

Para me tirar da plenitude da paz, do sentimento quieto, tranquilo a bocejar

Que cairá na armadilha mais conhecida do mundo, que é a sedução.

Que o siga então, que viva segundo esse amor... Maldito coração

Mas se na curva da vida o arroubo se transformar em tristeza

Do ímpeto da paixão devoradora, das alegrias e do sonhar

For água apenas que lava os regatos e não um leito para descansar

Malditos que sejam os dois que não aprenderam pela vida a caminhar.