FLOR DO CAMPO

O tempo corre

Feito água no córrego.

Deixa marcas nas folhas ao redor,

Lama que não seca,

Folha que amarela!

Mas verde é o meu coração:

Que vive e sofre,

Parece que não sabe

Que o amor é sempre assim:

Um seguro inseguro!

É sempre um recomeçar,

Que se experimenta feito pimenta,

Arde e dói!

Sangra e faz casca depois!

Nunca se aprende,

Nunca amarela como as folhas ao vento!

Tem sempre uma cica como fruta do mato!

Enquanto o córrego do tempo desfruta o leito,

O coração ama desvairado,

Feito gangorra,

Num sobe e desce.

Mas há de chegar o dia,

Numa primavera tardia,

Em que o esperar será o regozijo,

A colheita estará no ponto

E o amor será uma flor do campo:

Apesar do vento e da chuva,

Do sol e do pranto,

Esta flor estará sempre lá!

Sobreviverá!