NO FIM DE TUDO

No dia de ontem

durante a tarde

o sol vermelho

os olhos mais velhos

o peito doído

garganta sem fala

No dia de ontem

palavras caídas

flores suspensas

corpos distantes

a lua e o sol

e um grande eclipse

surgiu no céu

O não-dizer para não ferir

o não-calar para não sofrer

o grito corta a alma

pedaços de cristal na pele

sangue e suor enclausurados

No anteontem

havia um corpo frio

em uma cama ardente

uma luta

uma dança

uma busca

o cansaço

Foi anteontem

era noite

e os corpos unidos

encontravam a manhã

E hoje?

Renascer

enquanto ainda é possível