Tarde Cabloca

Do lado de fora da casa amarelada

Um jardim verdejante parece me sorrir.

Dentuças alongadas, as bocas de leão

Exploram brincalhonas, o espaço

Marcando-o na dança frenética das cores.

Brinco com as margaridas

Explorando cada uma das suas pétalas

Num incansável bem-me-quer.

As ruelas entre os canteiros

Colorem os pés de terra roxa.

Tal quais, os dedinhos do anjinho

Da Beatriz todo enfeitado com a roupa

Dominical no seu caixão de madeira branco.

Domingo, que ele não viu e nem vai ver.

No interior saboroso da cozinha

A lenha cantarola em um estalar

Canônico, na vermelhidão luminosa do fogo,

Final de tarde,

O som da viola de Nho Lau germina notas

Enquanto, ele sentado no batente da porta

Solta um suspiro longo de apaixonado.

E o sabor doce do café, depois de moído,

Entre os batuques do monjolo do velho Caetano

Jogado pra la e pra ca pelo vento faz cócegas

Nas lombrigas dos trabalhadores no eito.

Porem, à tarde, cansada de ruminar beleza,

Silencia e insepulta a vida, varre as horas

E o pontilhar das estrelas roçam o céu

Enquanto, o dia adormece

No interior caipira.