Vertente
Chuva de ouro,
Sem a cova formigante,
O burburinho de Serra Pelada.
Chuva de ouro,
A cascata dourada caindo,
Revelando a poesia,
Cintilando no pequeno espaço.
Chuva doura de idolatria,
Fervente em minha carne,
Retocando os anseios,
Pincelando a tela virgem,
Maculando a hora,
Que o tempo arrastou rapidamente,
Rispidamente desfraldou o final.
Chuva de ouro,
Verso lido, relido no leito dos prazeres,
Linhas entrecortadas,
Enlaçadas pela intimidade,
Fez-se pouco a pouco,
Tremulantes bandeiras, verdes na esperança,
Azuis na saudade.
Chuva de ouro, pelo azul dos olhos,
O dourado dos cabelos, dispersos
Rolando no peito nu,
Banhando minha carne,
Brilhando o prazer,
Na fortuna de sermos eu e você,
Um homem, uma mulher.