PIROGENIA
Quero o teu colo
Quente, fervente, agitado,
Que logo quer me entrar,
Me consumir, se dissolver dentro de mim.
Te enrosco feito serpente faminta,
Que desliza sobre tua pele,
Teu peito peludo,
Teu ventre contraído de desejo,
Até descer-te todo e lamber-te
E teu calor queimar minha língua.
Somos dois vulcões fumegantes,
Duas cobras lisas que deslizam,
Dois carnívoros que atiçam,
Que eriçam pelos e peles,
Contraem músculos e esticam tendões,
Se atiram como elásticos,
Vai-e-vem incontidos,
Liberam mucosas e secreções excitantes.
Nos penetramos todos até virarmos do avesso:
Eu e você.
Não existimos um sem o outro.
Ardemos entre as paredes
Do quarto e dos corpos.
Pirogenia pura!