AMANHÃ...
Esta dor que carrego no peito
Me perguntam e não sabem o porquê
Os meus olhos cansados pairam a observar qualquer coisa
Dentro de mim palavras fogem, transpõem-se entre o tudo e o nada
Em meu rosto um gosto de sal
Em meu corpo, marcas da vida
Em meus pés um caminhar sem direção
Eu carrego o infinito em meus lábios
E o amor como dor que não cessa
Eu me perco nas relvas do campo
E me torno relva, terra e amanhãs
Às auroras escondo segredos
Às vezes sou vozes, sou silêncio, sou româs
E à noitinha quando me deito na areia
A lua cheia, toda granadina me enche os olhos
Então sorrio enquanto aprecio meu pleito estelar
Quando sorriem as suas marés...
Ah! Dentro de mim palavras fogem,
Tramitam entre o vago e o maravilhoso
Ao meio-dia ouviremos as doze badaladas do sino
E cansaremos de falar deste amor
O Sol quente, prados, campinas, risadas...
Hoje, a noite chora
À alvorada, na noite bela
Principalmente à meia-noite,
Quando curvam-se os girassóis
Quando tudo isso e o som que não chega...
Do infinito que carrego no corpo
Da tristeza que carrego na vida
Tão triste, tão bela, tão flor
Eu sei...
Levarei para sempre
Muitas lembranças que se amalgamam no tempo
Seguirei os meus passos sem rumo
No alvedrio claustro do vento
Que direi?
Não sou preso ao passado ou presente...
Sou autor de um novo amanhã...