Castigo

Peço, somente peço.

Não vou suplicar, não quero favores...

Nem aqui.

Não me façam condenações perdulárias,

Nem me postem em pedestais.

Se não fui um gênio,

Longe de sê-lo, também não fui,

Afirmo agora, irracional.

As épocas se sucedem,

Formamos um todo, um lastro,

Quase que um tesouro,

De razões, imperfeições, mas, gente,

Humanos, capazes, reais.

Não digam que fui nulo,

Nefando em atos, abrupto nas teorias,

Errôneo quando deveria ser, tiver sido certo.

Ah, só Deus sabe as razões,

As causas da despedida,

As guerras interiores travadas,

As lutas nos campos espinhosos,

Onde era sempre escuro.

Nos horizontes que o sol nunca vinha.

Brinquei muito com medo da incúria,

No desespero de ser só no mundo.

Fiz de meus correligionários,

Verdadeiros combatentes,

A vitória sobre o fracasso,

Tudo o que importava, mesmo que,

Fosse, (como há de ser) a última vitória,

Nesta guerrilha, neste encontro de decepções.

Nesta troca de início, meio e fim,

Traçando finais não vindos... Ainda

É que peço, sem favores, ponderação

Sem o vindito cruel dos carrascos.