Na duplicidade dos sentidos…
Amo-te
Quero-te
Mas ao mesmo tempo
A ideia perturba-me
O pensamento
De ficar contigo
Ouço ao longe o som de um trovão
Que não sei se é o meu
Ou o teu coração
Não sei se o hei-de temer
Ou de o achar uma bênção
E adormeço quase todas as noites
A pensar no destino dos mundos
A pensar em ti
Ignorando se irei sonhar
Ou ter pesadelos
Simplesmente porque a minha cabeça duplicata
Funciona assim
Desta forma ficcional
Desta forma bem real
Desta forma coesa e concreta
Desta forma inexacta
Com que funciona
O meu racio de poeta
Sem saber como acordo
Se a sorrir
Se mergulhado nas trevas
O que me vale
É que na minha cabeça complexa
Arranjo sempre forma
De ter um final feliz
Simplesmente porque sou eu que mando em mim
E não quero sombras
Quero sóis para proliferar
Sendo por isso
Que com o céu azul
Contra tudo e quase todos
Teimo em sonhar
E esse sonho concretizar
Sendo que a tristeza é um mar
No qual nunca me irei afogar
Irei sempre evitar esse perigo
Longe perto
Na duplicidade dos sentidos…