Dicotomia
I
O que faz um homem ser um amante tão diferente?
A ponto de uma mulher, em horas tão loucas,
Sem muito pensar jogar pro alto suas roupas?
A voz nos ouvidos, a sufocar seus gemidos, tão leve, tão envolvente?
II
Ou será o olhar, tão terno, tão casto, de alcance tão vasto,
A invadir sua alma, deixando-a tão solta como folhas ao vento?
Segredou-me Helena, cofiando as melenas: - é pura magia; é só encantamento.
O que me vem deste abraço, quando ele me prende em seus braços e faz de mim seu repasto.
III
-Não tenho pudores, nem resquícios de temores, de cometer tantas loucuras.
De sua boca faminta, a percorrer o meu corpo, deixando-me em brasa.
Ele tem braço forte. Eu sou Sul, ele é Norte. Ao deitar em seu ombro – repouso. - Estou em casa.
IV
E o que dizem as matronas? Que do amor nada sabem? -Este mal não tem cura.
Quero longe de mim, algo assim tão danoso. Minha vida é tão boa, a correr sossegada.
-O que sei de prazer? Algo assim tão decrépito? Vou ao shopping, compro no cartão de crédito, quando estou estressada.
Frase de música interpretada por Maria Bethânia: “Eu sou sua menina viu? Ele é o meu rapaz. Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz”.
Vale do Paraíba, manhã de Sábado de Dezembro de 2008
João Bosco