AO AMOR QUE JÁ TENHO
Muito embora eu (possivelmente) nem o conheça,
Muito embora eu (talvez) não saiba sequer o seu nome,
(E isto apenas suponho a espera que a vida me esclareça),
Asseguro-lhe, nobre cavalheiro, apesar de tais “pormenores”,
há uma parte minha que há muito lhe pertence.
Desagrada-me ser ainda adepta de tais romantismos
E reconhecer que nada fez meu ideal de amor embrutecer.
Sei que ele foi lapidado e as decepções encheram-no de eufemismos,
Mas vejo que é tempo desta parte minha (a mesma que lhe pertence) amadurecer.
Não significa que se extinguirá o sentimento o qual desde sempre lhe dedico;
Apenas não posso mais sustentar esta menina lunática que me acostumei a ser.
O amor que já tenho permanecerá invicto,
Entretanto esta criança desvairada pede para crescer.
Hoje sei que não me pertence apenas aquilo que posso tocar.
Mesmo incapaz de descrever detalhe por detalhe do seu rosto,
Julgo ser de minha posse o que antecipadamente sinto por aquele que estou a aguardar.
Enquanto a vela queima, rogo pela graça de me habituar a esta espera.
Peço que me dê um pouco de sossego este profundo querer.
Rendi-me de tal maneira ao vício de buscar uma paixão sincera
Que de todo o resto acabei por me esquecer.
Antes de nos encontrarmos, preciso aprender uma lição,
Uma lição perfeita, porque vem de Deus.
Será o último passo de dança que ensaiarei antes de entrar no salão,
Para, assim, valsarmos juntos, você e eu.
Preciso primeiro descobrir o valor de cada ser humano, cada indivíduo.
Compreender que um abraço não tem o objetivo único de ME transmitir calor.
Sorrisos funcionam como ímãs, peças de aço dotadas de magnetismo,
Cuja propriedade magnética consiste em atrair amor.
Este amor que já tenho, deixarei descansando em meu peito até que chegue a hora.
Não que meu coração afoito esteja satisfeito,
Mas ouço cada vez mais forte a voz de Deus dizer:
“Calma querida, ainda não é agora.”