Anseios de amor

Não posso fechar os olhos esta noite.

Não devo deixar o brilho das estrelas

Sem o espelho desta retina sufocada.

Não posso fechar as tranças da alma,

Esta noite é sua,

Pedaço de rua,

Ponto vazio que corta os extremos.

Não posso te calar, tinta

Envolvida, retalhada no papel,

Folha caminhante que espreita,

Reverso de tantas coisas,

Coisas que falam em versos,

Nos poemas antes fechados

Não posso calar esta noite

Quitar a outra metade

Que sufoca a cada tarde

Em pudores enquanto o dia se despe.

Não posso deixar falar,

Nem subornar a alma inquieta

Pelas súplicas gritadas.

Não posso fechar os olhos aos seus

Nem que seja só por uma noite,

Apenas uma noite mal despida

Mal vestida pelas alegrias findas.

Não posso e não devo deixar de ser eu,

Sempre eu, único para você.