Madrugada na Cidade
Os inocentes partiram
Mas deixaram aqui seus corações
Sangrando tudo o que sorriram
Em suas canções
Dormiram com o peito aberto
Como a sacada de um apartamento vazio
Sombras tortas no teto
E o vento sopra o assovio
Na madrugada infinita
Gostam de olhar pro céu
Estrelado como os cantos da vida
Cantando à sós, tomando a noite de aluguel
Orações e vulgaridade
O que é o real e o ilusório?
Perante as luzes da cidade
Tudo isso é provisório!
Podemos brindar teu belo corpo
E tua alma vazia
Mas não tanto quanto o copo
Que secaste enquanto sorria
A saudade em carne viva
Toma a forma de uma lágrima
Mero sal em forma cristalina
Encontra-se à boca ávida
Escrevo sobre a saudade
Sim, sobre a saudade viva que escorre
Pelas paredes, sem piedade
Inundando tudo o que encontre
A poesia dos faróis
E a canção que os pneus vão cantando
Pelas milhas que existem entre nós
E nossos pensamentos acampando
É o mundo dos amantes sendo invadido
Saqueado, incendiado, destruído
E o amor, impiedoso bandido
Enfim, queimando-nos vivos!